É intuitivo, sabe, essa busca por
tentar sobreviver. Por mais que
martelem, chutem, cuspam, você vai tentar seguir em frente, mesmo que seja
mancando. Instinto.
There's no such a place like a happy place, a
tomorrowland...
Mas a gente insiste. E é bom
continuar insistindo, digo, qual seria o objetivo de tudo isto, se você não
tenta ao menos viver e encontrar algum ponto de paz, que te traga algum
equilíbrio e alegria?
Hoje a ferida está queimando. E
queimando forte.
Tem algumas semanas já, essa
marca interna. Dez anos procurando, dez anos sem resposta.
Aí você pensa que pode ter sido
tudo uma maluquice, mas você viu os sinais, eles estavam ali. Tão naturais
quanto o limo na pedra, ou a onda quebrando na praia, e o cheiro de maresia que
vem com ela.
Ok, você deve me achar estranha,
não é?
Digo, essa coisa de estar com
alguém e ainda assim achar que talvez não seja a coisa certa a fazer, e, mesmo
assim, não consegue largar o osso e, puta merda, tudo o que se tem é uma vaga
memória de dez anos atrás e uma esperança de que você voltaria a sentir aquele
calor por dentro.
Sabe? Aquele calor que te acalma,
que fala que está tudo bem, porque a pessoa do teu lado te completa, e ela está
um pouco longe de ser igual à você, mas ela te olha nos olhos e te vê de
verdade. Sabe como é? Estar finalmente em paz e não ter que fingir mais nada,
pra ninguém, porque, mesmo se você usar um milhão de máscaras, essa pessoa vai
te enxergar através de todas elas, e ainda vai dizer a coisa certa, te dando
força.
Mas quem se foi nunca voltou...
Não quero ser dependente de
ninguém, "being submissive is a bitch". E eu não sei ser assim. Não
mais. Prometi a mim que nunca mais seria. Por não saber baixar os olhos eu ouvi
demais, apanhei demais. E depois de baixá-los, também.
Então se for para levar um tapa
no rosto, que seja com graça, e que seja por merecer.
Mas que seja eu. E que me aceite assim.