Morrer. O único fato indubitável, o último acontecimento que você terá na sua vida. Não se pode fugir, ela está lá, espreitando você, olhando, milimetricamente, em cada obscuro canto da sua maldita vida torta. Morrer, morrer, morrer... mais cedo ou mais tarde, sua hora chega, e aí, o que você vai fazer? O que você fez? Teve, em algum momento da sua vida, um istante que valhesse a pena? Será? O que seria uma vida bem-vivida? Carpe Diem? Certeza? Uma vida assegurada pelo honesto suor sagrado e sangrado? Você no final vai trabalhar, sempre e sempre, para que alguém possa aproveitar por você, mas não é disso que eu vim falar.
Vim falar da morte, aquela, e não quero me desviar do assunto, afinal, se eu a tenho formal ou eminentemente em mim e você também tem, ela deve ser íntima das pessoas por quem passa perto ou atropela. Faz parte de você, my dear, não há como negar.
Olho pela janela, prédios, janelas, luzes.. cada luz é a garantia de que uma pessoa, quiçá uma falília, more ali. Uma família. A toalha vermelha da mesa olha pra mim e dá risada.. parece uma velha com cara de tartaruga e banguela.. vá te catar.
E do medo da morte vem o medo da velhice, porque aí você sabe que está ficando, segundo a segundo mais perto da forca, um dia a mais é um dia a menos. E você espera, você lembra, você sente, sente o medo da sua infelicidade, da escuridão que cresce a cada dia, o barulho, a correria, de toda a vodca barata desperdiçada na pia do banheiro, do espelho quebrado que olha multiplicadamente pra você, do medo, do grito, da chuva, a chuva querida, o cheirinho da terra, e as frutas todas, as frutas coloridas, o amor, as flores, o sol, as cores, as cores, os sorrisos, os heróis, a infância.
E o silêncio.
Um dia você passará e, os outros, passarinho ou não, hão de ir também. Um dia, haverá o esquecimento. As fotos todas se apagarão e não haverá mais nada que prove que um dia voê realmente existiu.
No final, só há o silêncio.
E tô de besta aqui falando das coisas que eu não sei, não entendo mesmo, que se dane. Who cares? Nem eu me leio a sério mesmo.