Sobretudo quando me comporto feito mulher. Não sei se do outro lado da moeda, dos senhores xy, isso seja tão complicado quanto. Ou se é só comigo mesmo. Quero dizer, não sei bem, mas entrei em crise existencial a partir do primeiro dia da minha menstruação. Mas também nem sei se era disso o que queria falar.
Tem coisas tristes por aí, ô, se tem, mas... é problemático gostar de se focar no próprio umbigo, de vez em quando, essa vontade de "deixa eu ser um pouco minha também", de querer ficar escondida debaixo do cobertor, esperando a banda passar, cantando coisas de amor?
É tenso quando a gente se olha no espelho, se vê, mas não se encontra. Talvez a miopia atrapalhe, sei lá, mas mesmo de olhos fechados não me vejo muito bem.
Já fiquei muito tempo parada, olhando pro ar, pensando sobre tudo isso, o que veio, o que foi, o que ficou, todas as picuinhas e auto-sabotagens imaginárias ou reais. Tem coisas que a gente não podem mudar, são pequenas dores, aqueles espinhozinhos que vão te cutucar sempre que você pensar neles, aprenda a conviver com eles, essa é a graaande frase autoconservadoralet'sgobeibe que o meu subconsciente me manda, bola pra frente, a vida corre, é melhor começar a andar, pelo menos, ou você acha que alguém vai parar no meio do caminho pra te estender a mão? Não sei, talvez. PFFF... se liga, como se já não tivesse tomado o suficiente, vai, vai, mexe esse traseiro gordo aí e começa a andar, vidinha torta não se conserta mas se ajeita, go, go.
E saio andando, sigo o fluxo, zombie walk, praticamente.
E aí hoje acorda frio e chuvoso. Perfeito isso. Não sei porque raios, o frio me faz pensar melhor. Deve esfriar o cérebro ou algo assim. Então tá, né. Mas não me faz correr, pelamor.
Jesuis, como queria ser um lagarto, sei lá, ou aquele meio-termo, bem viscoso, uma salamandra, saca? Que quando a coisa é torta mas tem todas aquelas gosminhas e tals, até dá um jeito de se encaixar melhor. Será que dá pra engosmar minha vidinha?
Aí a pessoa não tem nada mais pra fazer, e não quer falar com a faxineira, mas a faxineira insiste em puxar assunto, e a pessoa faz cara de sono, faz cara de cu, faz cara de caralhoaquatro, e nada, a mulher continua falando.
Acho que se trancar no quarto e começar a fumar, tentando fugir da auto-intimidação-da-intimidade já é um bom começo, quer dizer, pelo menos o fugir significa que há algo de fato, do que se foge. Parece claro? Precisa ser?
Não sei, eventualmente, ficar sentada debaixo da minha escrivaninha me parece o mais seguro dos universos.
E nem tô reclamando não, que também tem tanta coisa de boa e de ótima por aqui e por aí, que nem me sinto no direito de reclamar coisa alguma, é só um pensamento. Aquela (in)feliz idéia de conviver com os espinhos, oié. Mas não tem muito o que se possa fazer, a gente aprende, a gente supera, a gente evoluímos. Acho.
No mais, tudo bem, na santa paz.
48x16 Recorrência - parte 1
Há 5 meses
2 comentários:
vontade de "deixa eu ser um pouco minha também"
é meio estranho ler sobre alguém que quer ficar consigo mesma às vezes, quando eu não me agüento (aaah, me recuso a esquecer o trema!). Pelo menos, não acordada.
E tudo o que meu subconsciente diz é "para um pouco, fica aqui, vamos discutir sobre a vida, pôr as pernas pro alto, quem sabe pintar as unhas dos pés de vermelho e falar mal dos homens" enquanto eu tento desesperadamente fugir da minha própria alcatraz/azkaban/bastilha/blablabla.
e eu nem sei mais o que dizer mas queria terminar isso de maneira encantadora e educada. e nem isso eu consigo hoje (autopiedade.comaqui)
:*
e, nessa história, onde entra o seu namorado?!
onde eu estava, eu te ajudei?! eu sou tão tapado assim e não me toquei direito do que tava acontecendo?! Ou vc teve apenas uma crise que não se fez necessária compartilhar comigo?!
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