segunda-feira, junho 17, 2013

O lado bom da vida

Acabei de ler um livro chamado "O lado bom da vida", onde o personagem sai de uma clínica de reabilitação, onde ele estava internado fazia um tempo, e, bom, o livro é basicamente um diário dos seus dias, de evitar a engolir os remédios, das esperanças em reatar com a esposa, o relacionamento conturbado com o pai fechado, e o apoio que ele, enquanto filho, era para a mãe solitária, da raiva e desesperos gerados ao ouvir 'songbird' do Kenny G (entendo essa dor), dos amigos.. enfim. Muitas coisas, as quais, aliás, estou com uma puta preguiça de descrever. Principalmente porque terminei de ler o livro e já esqueci o nome dos personagens. Exceto que o principal se chama Pat, e o pai dele, no cinema, foi interpretado pelo Robert De Niro. Só comprei o livro porque tinha assistido o filme e, bom, não espere piedade de mim aqui, este é o meu blog de desabafos, não um guia de cinema, paciência.
Voltando ao assunto, o livro é bom, o filme também, e um não tem nada a ver com o outro, exceto o Pat.
Mas voltando mais ainda, ao que eu queria dizer de fato (e por que raios fui descrever todos os problemas dele agora no início? quer dizer, já não é problemático o suficiente eu não conseguir me concentrar num texto? fico desviando o foco das coisas e explicando detalhes de um blog que ninguém vai ler e... tá, ainda estou explicando, né? oquei).

Voltando...

O que me prendeu ao livro era a crença de Pat num final feliz. E isso me irritou. Porque todos acreditamos na porra de um final feliz. Algo nos fez crer que a realidade era algo real e palpável, que pode ser formatada, e podemos ter finais felizes, acreditar que as coisas vão dar certo.
Não, não vou iniciar mais um discurso melodramático de como seus sonhos e esperanças podem ser jogados por terra.
Era só engraçado e frustrante, sofrer com ele a cada vitória não conquistada, e sua necessidade de aperfeiçoamento. Se criticar o tempo todo. Esperando alguém que, definitivamente não iria aparecer, e nem queria mais se lembrar da existência dele.
O cara era um sujeito legal, no duro.
E entendo muito bem as frustrações dele ao ler livros que não tinham a merda de um final feliz. A gente sabe que a vida não é fácil, ok, mas as coisas com finais felizes tem que existir, para que elas continuem a ter mágica, não? Acreditar que tem uma roda mágica que move o mundo e tenta planejar as coisas, que tudo magicamente dê certo.
É frustrante e ridículo, mas eu entendo ele. Desde queimações no tórax à dificuldades de querer ver um mundo além do porão, onde a realidade é mais contida e segura. Tentar apanhar a porcaria da argola dourada, não importa se cair do carrossel, o importante é ter um objetivo. Era isso o que ele pegou lendo "O Apanhador no Campo de Centeio", não, sei lá, pra onde os peixes vão quando o lago congela (até hoje isto me intriga). Digo, o cara tinha esperanças, ele leu uma caralhada de livros, pra ter o que discutir com a esposa (professora de literatura), e ficava cada vez mais frustrado, ao ver que ela só recomendava livros deprimentes para os alunos lerem, e, talvez esta fosse a visão de mundo dela: por mais que você se esforce, vai dar merda.
Ao menos, tendo lido Moby Dick na quinta série, ao menos eu sabia que minhas chances de morrerem junto com uma cachalote albina eram relativamente reduzidas, mas me encontrar com Holden Caulfield aos meus 15 anos fez com que as expectativas em relação às coisas mudassem. Não que eu vá sair por aí caçando baleias, mas talvez a forte sensação de ter um potencial incrível de algo inútil para os outros seja o que me define. Para o bem ou para o mal.


Ao menos Pat teve um final feliz.

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