Acabei de ler um livro chamado "O lado bom da
vida", onde o personagem sai de uma clínica de reabilitação, onde ele
estava internado fazia um tempo, e, bom, o livro é basicamente um diário dos
seus dias, de evitar a engolir os remédios, das esperanças em reatar com a esposa,
o relacionamento conturbado com o pai fechado, e o apoio que ele, enquanto filho,
era para a mãe solitária, da raiva e desesperos gerados ao ouvir 'songbird' do
Kenny G (entendo essa dor), dos amigos.. enfim. Muitas coisas, as quais, aliás,
estou com uma puta preguiça de descrever. Principalmente porque terminei de ler
o livro e já esqueci o nome dos personagens. Exceto que o principal se chama
Pat, e o pai dele, no cinema, foi interpretado pelo Robert De Niro. Só comprei
o livro porque tinha assistido o filme e, bom, não espere piedade de mim aqui,
este é o meu blog de desabafos, não um guia de cinema, paciência.
Voltando ao assunto, o livro é bom, o filme também, e um não
tem nada a ver com o outro, exceto o Pat.
Mas voltando mais ainda, ao que eu queria dizer de fato (e
por que raios fui descrever todos os problemas dele agora no início? quer
dizer, já não é problemático o suficiente eu não conseguir me concentrar num
texto? fico desviando o foco das coisas e explicando detalhes de um blog que
ninguém vai ler e... tá, ainda estou explicando, né? oquei).
Voltando...
O que me prendeu ao livro era a crença de Pat num final
feliz. E isso me irritou. Porque todos acreditamos na porra de um final feliz.
Algo nos fez crer que a realidade era algo real e palpável, que pode ser
formatada, e podemos ter finais felizes, acreditar que as coisas vão dar certo.
Não, não vou iniciar mais um discurso melodramático de como
seus sonhos e esperanças podem ser jogados por terra.
Era só engraçado e frustrante, sofrer com ele a cada vitória
não conquistada, e sua necessidade de aperfeiçoamento. Se criticar o tempo
todo. Esperando alguém que, definitivamente não iria aparecer, e nem queria
mais se lembrar da existência dele.
O cara era um sujeito legal, no duro.
E entendo muito bem as frustrações dele ao ler livros que
não tinham a merda de um final feliz. A gente sabe que a vida não é fácil, ok,
mas as coisas com finais felizes tem que existir, para que elas continuem a ter
mágica, não? Acreditar que tem uma roda mágica que move o mundo e tenta
planejar as coisas, que tudo magicamente dê certo.
É frustrante e ridículo, mas eu entendo ele. Desde
queimações no tórax à dificuldades de querer ver um mundo além do porão, onde a
realidade é mais contida e segura. Tentar apanhar a porcaria da argola dourada,
não importa se cair do carrossel, o importante é ter um objetivo. Era isso o
que ele pegou lendo "O Apanhador no Campo de Centeio", não, sei lá,
pra onde os peixes vão quando o lago congela (até hoje isto me intriga). Digo,
o cara tinha esperanças, ele leu uma caralhada de livros, pra ter o que
discutir com a esposa (professora de literatura), e ficava cada vez mais
frustrado, ao ver que ela só recomendava livros deprimentes para os alunos lerem,
e, talvez esta fosse a visão de mundo dela: por mais que você se esforce, vai
dar merda.
Ao menos, tendo lido Moby Dick na quinta série, ao menos eu
sabia que minhas chances de morrerem junto com uma cachalote albina eram
relativamente reduzidas, mas me encontrar com Holden Caulfield aos meus 15 anos
fez com que as expectativas em relação às coisas mudassem. Não que eu vá sair
por aí caçando baleias, mas talvez a forte sensação de ter um potencial
incrível de algo inútil para os outros seja o que me define. Para o bem ou para
o mal.
Ao menos Pat teve um final feliz.
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